segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Colocamos nossa cara no sol

                                                                                                            Juber Marques Pacífico 


Muitos consideram 2015 um ano perdido. Muitas crises políticas, econômicas, humanitárias, terrorismo em vários países, violências contra homossexuais filmadas e transmitidas para todo o mundo pelo Estado Islâmico. No Brasil, tivemos travesti crucificada na Paulista e violentada pela opinião pública, desrespeito às mulheres no Congresso Nacional com demonstrações explícitas de machismo por parte dos deputados e ainda racismos e intolerância religiosa. Esses fatos deram a tônica de um ano complicado, mas isso não significa que ficamos calados.

Colocamos nossa cara no sol e conquistamos mais espaços. Não podemos esquecer a decisão histórica da Suprema Corte dos EUA considerando o casamento homoafetivo um direito garantido aos norte-americanos. E eu comemorei muito. Comemorei também a decisão do governo Obama de derrubar a proibição que impedia homens gays de doar sangue no país (ESPERO QUE ACONTEÇA O MESMO NO BRASIL. ALÔ DILMA!). Apesar da medida ainda ter alguns pontos que precisam ser elucidados, já considerei um avanço importante. Comemorei. Teve casamento gay na Grécia, beijaço gay no Rock in Rio, caminhada de mulheres lésbicas em SP... teve de tudo. E eu comemorei. Como não comemorar os projetos que estão sendo implantados na cidade de São Paulo, possibilitando o protagonismo das trans e travestis?! 

Comemorei a realização em todas as partes do Brasil das Conferências de Direitos Humanos de Gays, Lésbicas, Transexuais, Travestis, Bissexuais e Intersexuais. As Conferências são uma demonstração, mesmo que hoje estejam totalmente aparelhadas por agentes político-partidários, da necessidade de se dialogar os problemas que a nossa comunidade sofre. Em Juiz de Fora a realização da Conferência só foi possível porque o Coletivo Duas Cabeças assumiu o compromisso e a realizou. Aliás, não foram poucos os compromissos assumidos pelo Coletivo em 2015.

O Coletivo Duas Cabeças mostrou sua cara, foi pra luta e também para o diálogo.  E foi assim, lutando e dialogando que, através de uma solicitação assinada por mais de mil alunos e alunas, conquistamos o Nome Social para alunos/alunas e funcionários/funcionárias da UFJF. E como comemoramos. Outra conquista foi a campanha “Libera meu xixi” em que a Diretoria de Ações Afirmativas, com o apoio de vários outros coletivo, implantou nos banheiros da reitoria da Universidade placas sobre o respeito à identidade de gênero: agora cada um usa o banheiro de acordo com o gênero que se identifica. E nós comemoramos.

Dizer que 2015 foi um ano perdido seria duro de mais com a nossa militância. Lutamos muito e conquistamos direitos que se comparados aos nossos anseios são insuficientes, mas que são enormes comparados às barreiras que enfrentamos para concretizá-los. Agora é esperar de 2016 um ano de muita luta para conquistar mais direitos, muito diálogo para colocar em prática os direitos já conquistados e muitas comemorações pelas barreiras que ainda vamos derrubar.
E como diria o mestre Chico Buarque: “Amanhã há de ser outro dia”.

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