segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Muriaé Pride 2014




Foi um espetáculo. Do samba à música eletrônica, teve de tudo. Uma efervescência de cultura e de diversidade. Pessoas de vários lugares, reunidas em um só lugar, gritando em uma só voz. “Nosso grito é contra a homofobia!: com esse lema, a Muriaé Pride 2014 gritou um basta contra a discriminação e contra a violência que sofrem os LGBTs . As cores do arco-íris, símbolo da nossa comunidade, dominou a decoração, tornando o ambiente ainda mais alegre e festivo. Coube ao jornalista, Muel Tsunami, fazer, pelo quinto ano consecutivo, a apresentação do evento. Esse ano a Muriá Pride ocorreu de 26 a 29 de Novembro. Não foi só festa e curtição. O evento teve palestras, filmes, e discussões correlatas.

Juber Pacífico



Mais que se divertir, o importante é se mostrar. Ser gay é ser humano, assim como ser lésbica, ser bissexual, ser transexual, ser travesti e ser transgenêro. Muitos acreditam que o movimento LGBT está cada vez mais desarticulado. Nós acreditamos que esse sentimento não seja uma realidade prática, visto que muitos movimentos e coletivos se manifestam de acordo com todas as letras da sigla LGBT. Talvez esse sentimento represente uma ponta do iceberg do preconceito e da desmotivação que gente politizada vive com a falta de representatividade e também com a falta de adesão  esses grupos.


O Muriaé Pride 2014 foi uma enxurrada de desconstrução a toda forma de preconceito, apesar de toda descrença enraizada no universo LGBT. Lá se viu muita sapatão, muita bicha pão com ovo, travestis, ‘drag queens’ e toda forma de vida sem discriminação. Desconstruir um universo estigmatizado se faz cada vez mais necessário, já Muriaé Pride foi feita em um local isolado da cidade “ezatamentchy” pela população não aceitar a sexualidade LGBT, vinculando-a somente a sexo, sexo e sexo. Eu, particularmente não vejo problema no sexo e ainda acredito que essa mesma sociedade local que “apedrejou” a Muriaé Pride, se esbanja no carnaval, adora as cenas mais quentes das novelas, fica acordada até mais tarde na quinta feira assistindo TV, além de ver um bom e velho filme pornô. Ou seja, “quem desdenha quer comprar”, usa e abusa de uma falsa moralidade sexual pra descaracterizar um movimento sério, ou melhor, descaracterizar pessoas, humanas, que também merecem respeito, que utilizam do corpo uma forma de se representar e de fazer politica e que, mesmo que não saibam, desconstroem conceitos que são utilizados para escravizar o ser.

Foto retirada da página do Facebook do apresentador e jornalista Muel Tsunami
https://www.facebook.com/muel.tsunamy?fref=ts

A organização do Muriaé Pride achou necessário discutir então o que é homofobia, e o fez com primor, em cada gesto, em cada ato, com a preocupação de englobar a todxs. NÃO! PALESTRAS NÃO DERRUBAM NADA, elas só criam oportunidades para pensar. O que desconstrói de fato a ideia universal heteronormativa é a presença, é o corte de cabelo, é o short, a saia, a maquiagem, o macacão, a linguagem do corpo e da alma,  a dança, o beijo, o sexo e o principal, o respeito a toda a diversidade. Respeitar a nuance de cada um é dar um tapa de luvas nessa sociedade que tende a reprimir necessidades humanas.

Mesmo sendo num local isolado, o Muriaé Pride 2014 chamou a atenção da população que foi ao local, mesmo chovendo o dia todo. Não estavam presentes somente pessoas da cidade, mas de toda região. Havia representantes de cidades como Cataguases, Juiz de fora, Ubá, Marataizes-ES, Rio de Janeiro, entre outras.

Com muito louvor pude participar de quase todos os atos, até um pouco da organização e queria inclusive utilizar desse espaço para agradecer esses quatro dias que estive reunido com a população de Muriaé e principalmente com a organização da Pride 2014, que me recebeu muito bem e me fez repensar em muitos conceitos teóricos, que talvez funcionem bem na universidade, mas na sociedade não conseguem imergir em nada. Talvez falte coerência prática.


E pra finalizar, deixo aqui o meu grito contra a LGBTfobia. Hoje se faz cada vez mais necessário a criação de leis que inibem crimes de ódio contra qualquer pessoa, inclusive LGBT's. Esses crimes são cada vez mais vistos e, a cada 28h, (dados não oficiais, pois a LGBTfobia não é criminalizada) morre um LGBT no Brasil. Cerca de 40% dxs homicídios contra travestis e transexuais no mundo acontecem do Brasil e dados sobre a morte gays, lésbicas e bissexuais não param de crescer. Talvez isso já ocorria antes, mas hoje tem muita gente de olho e não podemos nos calar mais. Chegou a nossa hora: NÃO queremos privilégios, queremos PAZ! O NOSSO GRITO É CONTRA HOMO-LESBO-BIS-TRANS-FOBIA!!!!

Matheus das Dores

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