segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Individualidade exuberante

   "Você pode até ser gay, mas não precisa ser mulher","não precisa ser afetado", "não precisa dar pinta". Hoje ouvimos o tempo todo pessoas querendo normatizar com o padrão hétero, cis*, sexista. Diante de toda essa tentativa de normatização e pressão para que sigamos um padrão criado pelo cistema, fica a dúvida: Por que? Por que tirar a liberdade de ser como se queer, como se sente, como se é?



Esse tipo de opressão social legitima algumas ações, tais como a de Infeliciânus, MALAfaia, Levy Infidélix, Jair Dinossauro, ações estas que fazem com que nós, LGBTs, sejamos massacrados, odiados, repudiados, agredidos, violentados, assassinados, simplesmente por não correspondermos aos padrões extremamente conservadores desse cistema opressor. Seja o que tem que ser, seja quem quiser, como diria Lady Gaga:

"Don't hide yourself in regret
Just love yourself and you're set
I'm on the right track baby
I was born this way" (Born This Way, 2011).

Cresci vendo meus pais me rotularem como menino, me proibindo de usar saias e os sapatos da minha mãe e minha irmã, mas mesmo me proibindo, eu o fazia. Por que? Porque eu queria ser como elas, lindas, elegantes.
Quando eu era criança, eu me identificava com muito pouco do universo "masculino", só gostava dos carrinhos (paixão que tenho até hoje), quando criança me forcei a ser menino e fazer as coisas que os meninos faziam, jogay[sic] bola, fiz capoeira, tentava dar uns beijinhos nas meninas da minha idade, mas foi tudo sem sucesso. Me sentia realizado quando ia brincar com meus carrinhos e e as bonecas da minha irmã, tudo junto, tudo misturado, me sentia realizado quando, escondido, calçava os scarpins da minha irmã, as sapatilhas e sandálias de mamãe, vestia as saias e blusas que elas tinham. Quebrar o batom delas, meu hobby, quebrei inúmeros tentano passar em minha boca. Tudo isso na maior inocência pueril. Tudo na maior opressão heteronormativa e cis*.
Acho que essa tentativa de me padronizar desde criança pode ter vindo a barrar uma possível transformação, mas, na mesma naturalidade que me sentia completo quando criança, me sinto completo hoje, com 20 anos, como homossexual cis*.


No entanto isso não quer dizer que eu não sinta manifestações femininas pulsando e exalando, com uma força extrema de expressão, força essa que tenho que controlar. Controlar por que? Porque vivemos num cistema heteronormativo. Precisa-se da liberdade, meu corpo e minha alma clamam por ela.

Sejamos.


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