sábado, 4 de outubro de 2014

A (in)coerência religiosa

A minha adolescência foi toda inspirada e aspirada em ambientes católicos. Minha paróquia sempre foi assistida pelos jesuítas, congregação do papa Francisco, que tem uma didática diferente de se entender a igreja. Até então minha noção e experiência de igreja era traduzido em comunidade, respeito ao próximo e igualdade. Com os jesuítas aprendi a desenvolver a minha sexualidade, sempre a respeitando, por mais  dizer que eu vivia em uma igreja aquela era bem diferente das outras, e como disse o respeito ao próximo era fundamental, para se viver em uma sociedade fraternalmente justa.
Quando ocupei minha juventude, tornei-me reprodutor daquela ideologia, pois acreditava nos termos que a comunidade cristã abarcava, e por mais que eu não fosse assumido, eu sempre dei pinta, e sempre me respeitaram muito independente de qualquer coisa. Ao tornar maduro, vi que aquela realidade não me correspondia mais e senti a necessidade de espalhar esse senso de comunidade. Passei a representar a juventude católica da minha cidade e passei adentrar a novas realidades. Vi que existiam muitos (muitos mesmo!) gays e lésbicas no universo religioso, o que pra mim passou a ser entendido como uma porta de entrada para a sociedade do amor, onde imperassem o respeito.
Mas foi ai que minha experiência religiosa foi por terra, os gays e lésbicas, nos quarteirões mais escuros, se mostravam sensíveis e sua sexualidade era exalada, mas no rosto da igreja, perpetuavam ódio, intolerância e a falta de respeito, isso não se manifestavam somente contra os LGBT’s, eram atacadas outras religiões, pessoas pobres e mulheres. Esteve sobre o meu rosto, toda ignorância que é compartilhada pela verdadeira igreja católica. Tive uma crise de fé. Lembrava-me das palavras de santo Inácio (santo que criou a companhia de Jesus, congregação dos jesuítas) “em tudo amar e servir” e como isso não era uma realidade da igreja católica. Aprendi na pele o que o preconceito é capaz.


Hoje quando vejo muitos apoiadores de Levy Fidelix, muito desses católicos, eu entendo porque as palavras são bem compartilhadas e difundidas, pois apesar de ter na igreja católica fontes alternativas de se olhar o mundo, existe em contrario fontes conservadoras de se mantê-la, pois a coerência que existe em uns não é perpetuada a outros, que mantem suas (in)coerências opressoras, que são construídas e mantidas desde a idade média.
Mas eu me pergunto: como uma igreja liderada por um jesuíta, de ideias progressistas, aonde impere a igualdade e fraternidade, difundidos ideais de uma verdadeira comunidade, guiados pelo AMOR, são consagradoras de ondas de ódio e de desrespeito ao ser humano? Porque as falas do papa sobre respeito e amor não são levadas em consideração e as do Levy são tão bem aceitas nesse meio?
Não tenho respostas, porque não consigo entender. Então prefiro continuar acreditando em uma igreja progressista, de amor e de respeito, aonde o ódio não impere e o rosto do Cristo seja aquele que você enxerga no seu irmão ou na sua irmã.

Quero deixar claro que nesse tempo encontrei grandes amigos gays, quase todos eram omissos aos direitos dos LGBT’s, o que não me surpreendia, a força opressora que a igreja e a sociedade exerciam era muito grande, principalmente em cima de jovens lideranças católicas. A eles eu sempre deixei minha força, por que a sexualidade é maior força humana e reprimir isso em função de alguns é ato heroico.  

Um comentário:

  1. Fui criado no meio católico e também simplesmente não entendo onde foi parar o Marcos 12:31 "Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que este." A cada dia, chego a conclusão de que certos pregadores interpretam os ensinamentos como bem querem, e os destorcem a qualquer preço! E uma massa de ignorantes os seguem cegos e alienados por confiarem em uma pessoa que supostamente tem "o dom da palavra".

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