Lógico que o titulo é
provocativo e carrega uma enorme intencionalidade para tanto, mas não deixa de ser um fato. A comunidade
LGBTI está em guerra e nós conhecemos claramente nossos principais inimigos: os
fundamentalistas religiosos. Nesta guerra, as armas são outras, mais potentes, mais
poderosas, pois são armas ideológicas. Recorro-me à filósofa Marilena Chauí que entende a
ideologia como um conjunto de querer (vontade), julgar (razão), sentir
(percepção) e recordar (memória), ou seja, ideologia é visão de mundo e é exatamente ela
que nos separa dos fundamentalistas.
Para
eles, os direitos das mulheres, dos homossexuais, dos negros...são subjugados e
em seu lugar colocam um moralismo hipócrita de manutenção do tradicional,
ideias conservadoras que para nós é a maior representação do mais ultrapassado
e preconceituoso modo de ver a sociedade. A ideologia dos grupos como as
feministas na busca por igualdade de gênero e dos LGBTIs na luta por identidade
de gênero e sexualidade, está pautada em tristes vivências que nos excluem desde
o nascituro. Por isso, costumo dizer que já nascemos militando. Sentimos nas
ruas, em casa, nas escolas, nos shoppings, em todo o lugar, os efeitos que
produzem na sociedade os discursos fundamentalistas. Nossos predadores são orientados pelas formas de julgamento que exercem enorme influência na construção do pensamento, pois julgam baseados não
em vivências, mas em esquemas que rechaçam o diferente.
São brigas de ideias que nos
dividem entre nós x eles. São batalhas de pensamento. Mas nessa guerra nós
estamos perdendo. A cada decisão que diminui direitos dos grupos
“minoritariamente” representados, estamos abrindo espaço para o fortalecimento
dessas ideias reacionárias defendidas por eles, ideias que representam uma
doença na sociedade, pois estimulam o abatimento do respeito, da empatia e da
solidariedade.
É
por isso que estamos em guerra. A luta por espaço e por
representação política é o mote: estamos brigando por reconhecimento e poder de
decisão. Estamos vendo verdadeiros
retrocessos acontecerem na nossa política por decisões tomadas pelas bancadas fundamentalistas.
São decisões fortes contra as mulheres, os negros, os pobres, os gays...
Estamos em guerra. Não temos
uma bancada LGBTI no Congresso Nacional, não temos muitos representantes,
enquanto eles possuem, além de uma bancada poderosa, muito dinheiro advindo das
suas igrejas. Nessa balança o peso é desigual.
Precisamos disseminar nossas
ideologias, que não são "ideologias de gênero" como afirmam os pastores e padres
detentores da "moral" e dos "bons costumes", mas a ideologia que defendemos é a do
respeito recíproco, dos direitos ilimitados e da representação com paridade.
Representação? Isso mesmo, representação! Precisamos de mais representantes na
política e o caminho é eleger políticos que defendam declaradamente nossas
bandeiras. Precisamos lotar de gays, lésbicas, transexuais, mulheres, as Câmaras de vereadores, Prefeituras, Conselhos
Municipais...
Precisamos ganhar
espaço. Estamos perdendo essa guerra, pois temos pouca representação. Sem
representação, sem poder. É no campo das ideias que as coisas se organizam, mas
é na política que se concretizam. Estamos em disputa democrática e temos a
chance de conquistar nossos espaços. Vamos ganhar essa guerra?
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