segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Estamos em guerra!



Lógico que o titulo é provocativo e carrega uma enorme intencionalidade para tanto, mas não deixa de ser um fato. A comunidade LGBTI está em guerra e nós conhecemos claramente nossos principais inimigos: os fundamentalistas religiosos. Nesta guerra, as armas são outras, mais potentes, mais poderosas, pois são armas ideológicas. Recorro-me à filósofa Marilena Chauí que entende a ideologia como um conjunto de querer (vontade), julgar (razão), sentir (percepção) e recordar (memória), ou seja, ideologia é visão de mundo e é exatamente ela que nos separa dos fundamentalistas.

Para eles, os direitos das mulheres, dos homossexuais, dos negros...são subjugados e em seu lugar colocam um moralismo hipócrita de manutenção do tradicional, ideias conservadoras que para nós é a maior representação do mais ultrapassado e preconceituoso modo de ver a sociedade. A ideologia dos grupos como as feministas na busca por igualdade de gênero e dos LGBTIs na luta por identidade de gênero e sexualidade, está pautada em tristes vivências que nos excluem desde o nascituro. Por isso, costumo dizer que já nascemos militando. Sentimos nas ruas, em casa, nas escolas, nos shoppings, em todo o lugar, os efeitos que produzem na sociedade os discursos fundamentalistas. Nossos predadores são orientados pelas formas de julgamento que exercem enorme influência na construção do pensamento, pois julgam baseados não em vivências, mas em esquemas que rechaçam o diferente.  

São brigas de ideias que nos dividem entre nós x eles. São batalhas de pensamento. Mas nessa guerra nós estamos perdendo. A cada decisão que diminui direitos dos grupos “minoritariamente” representados, estamos abrindo espaço para o fortalecimento dessas ideias reacionárias defendidas por eles, ideias que representam uma doença na sociedade, pois estimulam o abatimento do respeito, da empatia e da solidariedade.

É por isso que estamos em guerra. A luta por espaço e por representação política é o mote: estamos brigando por reconhecimento e poder de decisão.  Estamos vendo verdadeiros retrocessos acontecerem na nossa política por decisões tomadas pelas bancadas fundamentalistas. São decisões fortes contra as mulheres, os negros, os pobres, os gays...
Estamos em guerra. Não temos uma bancada LGBTI no Congresso Nacional, não temos muitos representantes, enquanto eles possuem, além de uma bancada poderosa, muito dinheiro advindo das suas igrejas. Nessa balança o peso é desigual. 

Precisamos disseminar nossas ideologias, que não são "ideologias de gênero" como afirmam os pastores e padres detentores da "moral" e dos "bons costumes", mas a ideologia que defendemos é a do respeito recíproco, dos direitos ilimitados e da representação com paridade. Representação? Isso mesmo, representação! Precisamos de mais representantes na política e o caminho é eleger políticos que defendam declaradamente nossas bandeiras. Precisamos lotar de gays, lésbicas, transexuais, mulheres, as Câmaras de vereadores, Prefeituras, Conselhos Municipais... 
Precisamos ganhar espaço. Estamos perdendo essa guerra, pois temos pouca representação. Sem representação, sem poder. É no campo das ideias que as coisas se organizam, mas é na política que se concretizam. Estamos em disputa democrática e temos a chance de conquistar nossos espaços. Vamos ganhar essa guerra?  


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