Falar
em visibilidade lésbica inclui pensar em como essas mulheres vivem e
experienciam suas vidas na contemporaneidade, inclusive no domínio dos seus
corpos e da saúde. Mas vamos pensar um pouco sobre o percurso que a sexualidade
feminina vem traçando com a emergência de aparatos em saúde desenvolvidos pelo
Estado a partir do século XIX?
Nunca se falou e se produziu tanto sobre sexo e
sobre sexualidade desde a emergência das especialidades biomédicas, como a
ginecologia, a sexologia e a psiquiatria. E foi a partir do século XIX que essa
tecnologia interviu tanto naqueles corpos que eram considerados necessitados de
tutela do Estado, da escola e dos cientistas, que estavam constantemente em
perigo, lembrando que as forças normativas se colocavam no jogo do biopoder
enquanto forças masculinas. Quais eram esses tutelados saturados de
sexualidade? A criança masturbadora, os casais heterossexuais que praticavam
sexo se valendo de métodos contraceptivos, e os perversos. Os perversos quem
eram? Todos aqueles com algum tipo de prática desviante não heterossexual, que
praticavam sodomia.
O corpo da mulher foi visto e entendido, desde então, como
aquele para procriar e para compor junto à sociedade seu papel passivo e ligado
à natureza, maternal, do cuidado e do lar. Como podemos pensar a sexualidade e
a saúde sexual das mulheres lésbicas nesse contexto? Foi patologizada e
invisibilizada, poderia se dizer. A mulher lésbica não está em um
relacionamento que permita, a priori, cumprir esse papel passivo e maternal.
Ela se torna uma figura transgressora nessa dinâmica dos papéis sexuais. Com a
emergência dos movimentos de contracultura da década de 60 algumas importantes
mudanças aconteceram no cenário ocidental, o que inclui o nosso país. Mulheres
da classe média começaram a ocupar de forma mais vigorosa o mercado de
trabalho, os métodos contraceptivos hormonais, como a pílula, permitiram maior
liberdade na escolha do momento de ter filhos, e o movimento feminista e
homossexual iniciou suas lutas nos campos de direitos, etc.
Em todo esse
cenário de luta, onde está a mulher lésbica? De forma marginal, pode-se se
dizer que essa mulher estava no Brasil tanto nos movimentos feministas quanto
nos movimentos homossexuais. Mas as pautas de direitos sexuais passaram a se
concentrar de forma muito mais fortemente ligada ao planejamento reprodutivo
enquanto contracepção e ao direito ao aborto para mulheres com práticas sexuais
heterossexuais e nas políticas públicas ligadas ao HIV/Aids, que emergiu a
partir da década de 80. E hoje, as demandas das mulheres que se envolvem com
mulheres continuam marginais e inviabilizadas.
Para além das políticas
públicas, pensemos nos contextos micropolíticos. Você, mulher lésbica (ou que
está em um relacionamento com outra mulher), como se sente ao procurar um serviço
de saúde? E quando vai a uma consulta com um profissional médico ou da
enfermagem? Situações de inadequação nos atendimentos são corriqueiros e
variados, seja porque a mulher não se sente a vontade para falar de sua
sexualidade, seja pelo julgamento velado, ou pelas outras violências simbólicas
e até físicas que podem ocorrer. Há relatos como a insistência ou até a invasão
ao se fazer uma ultrassonografia transvaginal em mulheres que não se sentem a
vontade com esse procedimento porque nunca foram penetradas, por exemplo. Outra
questão importante, mulheres lésbicas são atendidas em suas dúvidas quando
pedem dicas para se prevenirem contra doenças sexualmente transmissíveis e
contra o HIV? Sim, sexo entre mulheres pode transmitir doenças, e não há
tecnologia desenvolvida para proteger adequadamente e preservar o prazer de
forma satisfatória.
E quando pensamos nas mulheres transexuais que se
relacionam com outras mulheres, sejam elas trans ou cissexuais? Parece que a situação
é ainda mais nebulosa, para me valer de um eufemismo. A população transgênero é
carente de quase todo tipo de atenção, que quando vem, surge na forma de
estigma. Estão essas mulheres orientadas quanto às suas questões de saúde?
Creio que não.
Mulheres trans, acho que podemos fazer um texto somente para
vocês, que tal?
Texto por Marina Guimarães
Só li merda. 😂😂😂😂
ResponderExcluirKkkkkkkkkkkkkkk
ExcluirComo que faz para DESler???
ResponderExcluirAdorei o texto! Concordo com tudo!
ResponderExcluirMulheres lésbicas não são orientadas em relação sexo X saúde
certeza que tanto a autora do texto quanto a do post sentaram no teclado pra fazer isso com o cu, é humanamente impossível produzir tanta merda com as mãos.
ResponderExcluirNossa, pelos comentários, ja decidi que nem vou ler essa merda....
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